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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Vim Para Passear e Me Divertir?





Concordo com a cantora e compositora Elizabeth que disse, numa de suas canções: " Quando fui trazida
Ao mundo,
Não me perguntaram nada,
Se eu sentia ou não
Vontade de viver,
Ficar aqui.". E ela ainda disse mais: "Deus não disse preparai-vos, ele disse , tão somente, crescei e multiplicai-vos".

No entanto, os religiosos, em especial os espíritas, discordam da premissa de Elizabeth. Segundo eles, temos motivo(s) de viver aqui, o véu do esquecimento nos faz esquecer do passado, das nossas vidas anteriores. Estamos aqui, de acordo com os espíritas, para cumprir uma missão, redimir de nossos pecados, e corremos sempre o risco de acumular mais faltas.

Tanta gente medíocre, repugnante, tantos cheios de si... Que sentido a vida tem, principalmente para quem nasceu na rua, ao léu da sorte? Todos filhos de um ser superior?!

Woody Allen, sabiamente, afirmou que o problema do ser humano não é político, nem social, entre outros, é existencial.

Stalin bradava que os comunistas eram pessoas de feitio diferente.

Quanto mais o tempo passa, mais abomino política e  a sociedade, entre outras coisas. E a existência tem me cansado em demasia.

E sou de um feitio diferente.

Mesmo vivendo  grande parte da minha infância e um pouco na adolescência, em residências precárias, tive um certo conforto, que foi aumentando quando meu pai subiu de vida, passando a perceber um ótimo salário , o que fez com que passássemos a morar em casas confortáveis.

Eu não precisava ajudar em casa. Somente, há contra-gosto, estudava. No antigo ginásio, parei de estudar por três anos. Até que, ainda no quarto e último ano ginasial, nas férias do meio do ano, larguei os estudos, preferindo trabalhar por mais de 70 horas semanais, de segunda a segunda, no Mercado Central, como um simples balconista. Isso foi por 9 meses. Esgotado e desiludido, pedi demissão.

Porém, voltei por outras vezes a trabalhar no mesmo Mercado Central, com uma folga semanal, no meio da semana.

Eu detestava trabalhar no Mercado Central! Pedia demissão... depois, voltava a trabalhar em outras bancas... Nem pensar em voltar a estudar. Com apenas 18 anos, indagava: o que estou fazendo aqui? Já me sentia deslocado, com tendências suicidas. Qual o sentido da vida?

Depois do Mercado Central, mais ocupações insignificantes, medíocres: balconista numa loja de discos, Auxiliar de Escritório numa multinacional, Auxiliar de |Pessoal em inúmeras contabilidades, etc e tal... a conviver com clientes chatos, colegas de serviço medíocres, alguns submissos,outros insuportáveis,vazios... patrões sanguessugas... Poucas exceções, raríssimas pessoas que valiam a pena, que tinham valor, que tinham algo a dizer.

Cursos? Datilografia, Auxiliar de Escritório, Dois anos de Inglês básico, e só.
Ah, por volta de 1985 fiz supletivo. Hoje, tenho o ensino médio.

Há uns 18 anos que não trabalho. Sou, portanto, um dos maiores vagabundos do mundo.
Há seis anos que não faço sexo com mulheres, só pratico o sexo solitário, o onanismo(rs).
Há 20 anos que não namoro, só fiquei, neste ínterim, além das incontáveis idas e vindas com a minha ex-mulher-tudo terminando definitivamente, há 6 anos atrás.
Há uns 20 anos também, não tenho mais amigo pessoal.
Moro sozinho há quase 6 anos.
Portanto, sou um dos maiores solitários e antissociais do mundo!

Há muito tempo se foram as peladas de rua, pegador de esconder, jogos como quebra-cabeças e dominós, jogo de botão, a paixão por futebol, telenovelas, carros...

Não haveria nem espaço para falar das coisas que não gosto. Coisas que muitos adoram, por sinal.

Não consegui ter algo , que muitos têm: objetivo, um ideal.

As brincadeiras, as diversões, não existem mais, tirante o que restou dos meus discos, bebida e comida e as navegações pela internet.

 Mais um motivo de eu não acreditar no espiritismo ou em qualquer outra religião.
Mesmo se houver outra encarnação, o que acho quase impossível, eu nunca me mudaria, nunca teria conserto, tenho a personalidade, que é bem controversa, questionadora e inconformada, formada.

O que estou fazendo aqui? Com uma vida bem atípica, diferente mesmo da grande maiorias dos mortais, pode parecer que vim apenas para passear e me divertir. Mas, o passeio não tem sido muito agradável por estes 58 anos, e pouco me diverti. Ainda me resta consolos, como: estar há anos sem trabalhar, sem produzir para patrões exploradores; morar sozinho; não ter filhos e ter uma boa saúde.

A vida, a gente não tendo compromisso, tendo , ao menos, um certa autonomia e vivendo sozinho, sem se preocupar com outrem, é mais agradável, apesar de não ser ainda ideal, mormente, pelo fato de precisarmos de dinheiro para viver. E o tempo passa... passa... a velhice chega com uma velocidade espantosa!

Pensando bem, estou há uns 40 anos numa corda bamba. Estou demorando muito a cair de vez. Posso cair a qualquer momento. Aí tudo se acaba! Ou não? Uma outra vida além? Ah, não, chega, não é?
Até que se for uma vida boa, na qual a gente pode mesmo passear e se divertir com intensidade, aí sim vale à pena. Mas , existe isso?
Apesar de eu não acreditar em Deus, parafraseio Lutero: Que Deus me ajude!
E salve-se quem puder!




2 comentários:

  1. Eu achei genial a sacada da Elizabeth, também repito com ela:
    " Quando fui trazida
    Ao mundo,
    Não me perguntaram nada,
    Se eu sentia ou não
    Vontade de viver,
    Ficar aqui."
    Aliás, eu e meu irmão muitas vezes dizemos isso. Não é a toa que não queremos ter filhos geniticos. Eu cada vez menos tenho vontade de engravidar. Quero sim ser mãe, mas pretendo adotar, gerar crianças em um mundo maluco como esse me parece uma coisa meio temerária e inconsequente.

    Embora concorde com a Elizabeth quando ela diz: "Deus não disse preparai-vos, ele disse, tão somente, crescei e multiplicai-vos".

    Estou cansada Tio Verden, e embora ainda tenha objetivos, desejo de trabalhar e não seja uma pessoa isolada tenho um cansaço tão grande latejando que entendo suas posições. Sei lá, as vezes acordo pensando na hora na qual vou poder dormir e dormir é a melhor hora do dia.

    Enfim, rolou um momento desabafo.

    Cheros Tio Verden!

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    1. Interessante vc querer criar filhos, no caso, adotá-los, mas não querer se engravidar. Isso não é comum. Não me lembro de ter conhecido outra mulher com o mesmo pensamento.
      Mas, não te censuro, pois a mulher sofre muito na gestação.

      Sim, vc tem objetivos: lecionar, compartilhar coisas com seus amigos, criar filho(s). A vida fica bem mais difícil para quem não tem objetivos como eu.

      Quando eu trabalhava também adorava dormir, e como eu vivia cansado!rs

      Desabafe à vontade, querida sobrinha!

      Tudo de bom pra vc!
      Cheros!

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