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sábado, 27 de dezembro de 2014

E 2014 Está Indo Embora...(3)

A grande surpresa do ano foi a força que a viúva do meu tio materno me deu.

Primeiro, ela falou que me ajudaria financeiramente, depois de receber a pensão do meu tio.

Segundo, ela me deu, praticamente, todo o vestuário do meu tio: mais de 40 camisas, umas 15 calças, umas 15 bermudas, de 5 a 7 pares de sapato e um número incontável de cuecas e meias.

O filho do meu tio, fruto de seu primeiro casamento, falou que assim que sua mãe recebesse a pensão do meu tio, me ajudaria mensalmente com 500 reais.

Mesmo sendo leigo, achei estranho: como duas mulheres  de um mesmo homem,podem receber pensão do SUS?

E, mais ainda para minha surpresa, a viúva do meu tio falou que me daria uma cesta básica(de alimentos) neste natal. O que o fez. Gastou uns 140 reais, além de pagar o carreto, de 40 reais, para eu buscar a cesta.

E ela acabou revelando o imbróglio , no tocante à pensão do meu falecido tio.
Meu tio e sua primeira mulher se separaram há mais de 30 anos, mas não se divorciaram.
Ele deu pensão apenas para o casal de filhos, até que completassem 18 anos.
Daí, sua esposa, pensa que tem direito na pensão, o que sua última mulher não concorda, e diz que até entrará na Justiça, se for o caso.

Bem, meu primo, o filho do meu tio falecido, parou de se contactar comigo...

Claro, que ninguém tem obrigação de me ajudar. E como sempre digo, tenho uma despesa mensal de uns 1000 reais, que ficará maior, já que todo ano, tudo aumenta de preço, neste ano a vir.

Daqui a três meses, meu dinheiro se acaba...

Por incrível que pareça, estou, relativamente, tranquilo.
Penso que o que me ajuda a ficar tranquilo é o silêncio do meu lar, já que, como falei, há uns 4 meses que não sou perturbado com poluição sonora.
Outras coisas: perdi a mulher que tanto amei, que foi a última ilusão da minha vida; perdi meus discos, uma paixão de 38 anos!
O que mais tenho que perder, então? Tá, ainda existem o computador, os meus 300 cds originais, meus poucos mais de 1000 cds em mp3... mas e daí?

O que acontecerá, caso eu não morrer de morte natural, ou outro tipo de morte, quando meu dinheiro acabar?  E, desta vez, não tenho discos para vender?
Me enforcarei? Voltarei a ligar as trempes do gás de cozinha?
Beberei, com o estomago vazio, doses cavalares de pinga, pra ter um coma alcoólico? Ou me entregarei à fome, tendo uma morte terrível... mas, se eu não comer mais nada, me isolando no meu lar, sempre há o risco de alguém bater na minha porta, seja o proprietário do imóvel, um vizinho, a ex-faxineira da minha mãe e, até mesmo , o meu irmão... se me pegarem no flagra, morrendo de fome, delirando, o que farão? Me colocarão num asilo , hospital ou hospício!

São as perspectivas para meu 2015. rs. Só rindo mesmo...

6 comentários:

  1. Desde que li pela primeira vez seu blog há uns três dias fiquei intrigada com a maneira como você age e gostaria de tentar entender mais essa personalidade.

    Na verdade, queria compreender o “modus operandi” de sua misantropia, pois em vez de ficar prevendo as desgraças que podem / irão acontecer se você não tiver dinheiro daqui a xis meses, por que não arruma já agora uma maneira de fazer dinheiro para que isso nunca aconteça? Não haveria aí um masoquismo claro através da necessidade de autovitimização / autopiedade?

    Há milhões de pessoas mundo afora com vários graus de misantropia ou incontáveis problemas outros (físicos ou mentais) que se não se levantarem de manhã, se não arrumarem uma maneira de ganhar a vida, mesmo que seja fazendo uma faxina ou como camelôs, morrerão de fome, serão expulsas de seus lares, terão energia cortada, não terão gás para cozinhar, comida à mesa etc. Contudo, nem por isso elas vivem da piedade alheia, ou pior, da própria autopiedade (“como eu sou coitadinho, pobre de mim, ninguém me liga...”).

    Uma vez li um texto seu em que você dizia que desde sempre se sentiu uma criança que não quis crescer, portanto não seria esse o motivo da autopiedade, da falta de tomada de responsabilidade para si mesmo? Não seria conveniente ser uma eterna criança que tem sempre alguém que a socorra? Como disse acima, há milhões de misantropos mundo afora (e eu mesma me considero uma), além de pessoas com muitos males piores, mas a despeito disso elas têm que continuar a enfrentar o necessário a todos, a parte "obrigatória e chata" da vida. Aliás, é muito comum na Índia, China e África cegos totais ou aleijados graves trabalharem, pois não há outro meio de subsistir, eles não podem nem pensar na “conveniente” autopiedade, não há essa possiblidade (vide Youtube). Dito isso, me parece que você age como uma criança mimada, que se contrariada abre o berreiro (no caso, diz que vai se matar se alguém não vier lhe provir os meios de sustento... até que alguém lhe assista ou acalente). Não é uma atitude infantil não tomar para si a responsabilidade pela própria vida? Não é socialmente conveniente esse tipo de misantropia autopiedosa?

    Se a vida com suas obrigações chatas foi desenhada assim para todos os bilhões de pessoas, de que adianta se lamuriar e se vitimizar? Não seria melhor levantar o corpo e bater a poeira dos sapatos e tentar fazer do limão uma limonada como todos os humanos (misantropos ou não) mundo afora têm que fazer?

    Em suma, o fato de alguém ser misantropo ou não concordar com o sistema social eu entendo, e muito bem, só não compreendo aquele que não concorda mas vive e depende dele (porque pareceu-me que sua vontade de “autoeliminação” só vem à tona quando o cinto aperta). Onde está sua misantropia para a parte legal/conveniente da vida, ou seja, ir a bares, tomar uma caninha, namorar ou receber ajuda e doação de parentes, etc.?

    Conheço outros misantropos que evitam a vida social ao máximo (evitam mesmo!) mas trabalham ou têm um meio de subsistência justamente para se manterem independentes e fechados nas suas conchas (muitos trabalham a partir de casa ou cumprem jornadas de 5-6 horas só pra manterem a subsistência; outros moram na zona rural e só vão à cidade vender seus produtos quinzenalmente; já outros...). Enfim, são misantropos mas não dependentes. Sua misantropia é muito “sui generis”, pois ela diferencia o que convém ou não, e parece viver da autopiedade e da piedade alheia.

    Enfim, perdoe-me a sinceridade da análise.

    Bom fim de semana!

    Aurora

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    1. "por que não arruma já agora uma maneira de fazer dinheiro para que isso nunca aconteça? Não haveria aí um masoquismo claro através da necessidade de autovitimização / autopiedade?

      Pra início de conversa, só desabafo. Não peço ajuda a ninguém, e, modéstia à parte, tenho convicções no que falo. Claro, se estou na pior, não rejeitaria ajuda.

      Isso que vc não entende , Aurora. E já disse isso nos meus blogs, os três... errei muito, mas não me arrependo de ter me afastado dos colégios e de ter rejeitado muitas e muitas empresas, a qual passei..

      Tanto faz que tenham piedade de mim ou desprezo, mas se vierem a me detonar, aí dou o troco.

      Uso meu blog, e até usei os outros dois, e mais um, focando atrizes(será que vc vai dizer que isso é mais um desvio da minha personalidade?rs), com intuito de desabafar.

      Não sou contra, mas nem partidário dos profissionais da psique.

      Vc é tipo uma das pessoas, como a minha ex, faltando só dizer:
      "Vá trabalhar, vagabundo!" rs

      E, encerrando, assim como ela me criticava, sou bem mais eu... é, ela me criticava dizendo que só amo a mim mesmo. Que bom, né, Aurora?

      Estou na merda, aceito doações. Vc pode me ajudar? rs

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  2. Só quis lhe mostrar que a melhor ajuda que poderia chegar até você não é a alheia, mas a vinda de si próprio, pois ela é efetiva e perpétua. Reinventar-se é sempre preciso, porque a única certeza da vida é a mutabilidade.

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    1. Me desculpe, Aurora, pelo meu palavreado, usando até palavras chulas.
      Não peço ajuda de ninguém. Agora, as poucas pessoas do mundo pessoal, que sabem da minha situação, se elas me perguntam como estou, respondo, com sinceridade.

      Meu tio materno, falecido em agosto deste ano, ficou muito preocupado comigo, até mesmo pelos meus desejos suicidas. No entanto, ele falou até o quanto ganhava de aposentadoria e que não podia me ajudar. Portanto, se eu fosse depender da ajuda dos outros, eu teria morrido, de fome ou de suicídio. E, hoje, sete meses depois, nem se lembrariam de mim.

      Aurora, se vc não for uma psicóloga(ou psicanalista e psiquiatra), vc é bem influenciada por psicologia(rs).
      No entanto, quase todo mundo pensa como vc.
      E, para a grande maioria, sou vagabundo, comodista, preguiçoso, covarde, ranzinza, criador de caso, não sou humilde...

      E sobre minha misantropia e o eremitismo, bem, penso que ninguém é tão misantropo assim,a ponto de se isolar por completo. Há casos sim, mas, pelo menos das pessoas que conheci, nestes meus 58 anos e meio de existência, não vi pessoa mais antissocial que a minha. Sou caseiro, mas se for para ficar só dentro de casa, sem sair, acabo enlouquecendo de vez.

      E sou uma pessoa que tenho auto-crítica(até isso, minha ex-paixão me criticou), sendo que minha consciência dói, quando faço algo errado, quando prejudico alguém. Já fiz muita coisa errada na vida, já dei muita mancada, fiz minhas burradas, já me arrependi pelo que fiz e pelo que não fiz, mas não me arrependo de não ter querido estudar e de ter rejeitado muitos empregos.

      Claro, que quando isso ocorre, a gente se torna o que a sociedade chama de "parasita". A pessoa pode se tornar um gigolô ou um mendigo.

      No mundo, o que predomina é o mal. Não há como viver sem o mal, e a coisa mais importante da vida é o dinheiro, e reconheço minha incapacidade de não saber como ganhá-lo.

      Outra coisa: já ouviu falar da mãe da paciência? Pois, sou o pai da impaciência(rs). Eu não deveria mesmo ter nascido. Schopenhauer, Sófocles e Euripides eram homens a frente de seus tempos.

      E, repito que concordo com o cineasta Woody Allen, nosso maio problema é existencial, não político, social...

      Sei que muita gente tem pena de mim, outros me acham um chato, mas não escrevo ou me queixo para angariar piedade. E não duvido de pensarem também que só ando de cabeça baixa, com a cara triste, de vítima, que choro literalmente... nada disso!

      Minha mãe mesmo vivia falando que eu queria viver uma vida sem ter problemas, mas isso é impossível! Duvido que um dia eu mude.
      Como sempre digo: sou um caso perdido!rs

      A vida de um vagabundo não é fácil, Aurora! rs

      Grato pelos seus comentários. E apareça sempre!

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  3. Você escreve cavalherescamente e portanto não vi nenhuma impolidez ou rispidez no seu texto, aliás, as pessoas inteligentes discutem com argumentos e não palavrões. Quanto a mim, não sou de nenhuma dessas áreas que citou mas sim uma profissional liberal misantropa não niilista e, portanto, entendo uma situação como a sua muito bem, embora não concorde com a maneira passiva como você lida com ela (preferindo lidar com a explosão da bomba em vez de tentar desmontá-la enquanto há tempo). Eu sempre tento desmontar as minhas antes, pois já senti a explosão de muitas e não foi nada bom, preferi assim aprender com as experiências negativas (lanço mão da famosa inteligência emocional que até nós misantropos temos).

    Tinha também muita dificuldade em lidar com a sociedade do jeito que é --- aliás, ainda tenho --- e de angariar meus próprios meios de subsistência até decidir ser autônoma e trabalhar a partir de casa, num modo mais autônomo possível. Foi uma transição maravilhosa! Hoje meu nível de contato social é muito tolerável (vou às compras quando quero, tenho pouquíssimos mas ótimos amigos, saio quando me convém...). Portanto, acredito que até pra nós, misantropos, há meios de existir economicamente sim, ainda mais no mundo atual, onde se pode trabalhar remotamente e com um computador em várias atividades. O céu é o limite, só precisamos ativar as sinapses!

    Acho que caso perdido não é quando a sociedade nos etiqueta disso ou daquilo mas quando NÓS MESMOS nos etiquetamos negativamente, porque nós somos nossa verdadeira força motriz e, portanto, o combustível que nos move é essencialmente interno e não externo. Em suma, nós temos que mudar nossa programação mental.

    Enfim, aparecerei sim qualquer dia. Quis iniciar essa discussão para estimular seu poder transformador e entender a nuance de sua misantropia (aliás, todos nós sempre achamos que nosso caso é o mais grave, a misantropia mais genuína, hahaha... tenho um amigo querido que me diz o mesmo).

    Boa noite e novas perspectivas mentais para o novo ano!

    Aurora

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    1. Vc tocou num ponto interessante, e já disse o que vou te dizer, nos meus blogs(praticamente, contei toda a minha vida nos blogs-rs).

      Muitas pessoas,e muitas mesmo, confundem auto-crítica, com baixa auto estima. Então, se falamos de nossas limitações, comentam que não gostamos de si próprios, não temos o chamado amor próprio.
      No entanto, nem sempre é bem assim.

      Faço parte dos milhares, quase bilhões até, de seres medíocres, existentes neste planeta.

      E minha mediocridade é profissional. Nasci para ser subalterno, somente mais um trabalhador assalariado, a perceber muito pouco mesmo, em firmas como contabilidades e no comércio como balconista.

      Entretanto, não sou e nunca fui submisso. Se eu fosse assim e tivesse "humildade", certamente, eu estaria casado(ou separado) e teria, no mínimo, dois filhos; moraria numa favela, ou num bairro bem de periferia.

      Não tive habilidade de ser um profissional autônomo , e isso , eu queria ser. Jamais pensei em ser empresário. Sou anti-capitalista.
      Até respeito um empresário que abre uma firma, que fica rico, mas sem explorar do trabalho alheio, e isso é coisa rara. Mas, um profissional autônomo e honesto , é digno de louvor.

      Não sei se vc conhece; dê uma olhada, o livro "O Homem Medíocre" diz muito:http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Ingenieros

      Um ótimo ano novo para vc também.

      Tudo de bom!

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