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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Um Conto de Amor... E De...(6)(Ligéia)

Entretanto, o destino foi cruel , de novo.
Ligéia era magra, mas foi emagrecendo de uma forma assustadora.
Começou a sentir dores...

Levei-a ao médico. O diagnóstico, preciso e sem dó: câncer.
Câncer, o mesmo câncer que ceifou e tem ceifados tantas vidas, que por ironia do destino, acabou com a vida do meu tio, que me deu uma herança, que me deixou rico, ao lado da mulher que tanto amei.

Antes de conhecer Ligéia, pensava que se eu fosse acometido de um câncer, me entregaria, até mesmo , poderia suicidar... agora, minha luta era fazer o possível e o impossível para a cura do maior amor da minha vida.

Ligéia estava desanimada... parecia querer se entregar.  Eu, justamente eu, um pessimista contumaz, lhe dava forças, procurando a animar, com esperanças enormes da cura, desta maldita doença.

Seus lindos cabelos caíram.  Comprei um peruca. A principio, ela relutou usar... depois, aceitou.

Os dias passavam, o tempo corria... Algum tempo,em nosso lar, noutro tempo, no hospital... e Ligéia morreu.  No seu leito, no hospital, suas últimas palavras: "sempre te amarei. Espero..."  E nada mais disse, a morte chegou.  "Espero", seria que me esperaria no além?

Não fui no enterro da minha mãe, pq não tive estrutura para ver um corpo sem vida, de uma pessoa que tanto amei, e, também, pq não tinha , praticamente, gente amiga, incluindo parentes próximos e outros nem tanto, no velório. Igualmente, não queria que vissem minha dor, que me vissem chorar. No entanto, fiz questão de ir no enterro de Ligéia. Sua família, gostava de mim.  Mesmo com a doença, não sei se foi feito uma boa maquiagem, ela estava linda, serena, como se estivesse dormindo(quem foi no velório da minha mãe, disse que ela também aparentava estar dormindo, serenamente). E chorei copiosamente.

Fiz questão de a enterrar num jazigo bem luxuoso, cheio de fotos dela.

Na nossa casa, tirei todos quadros da parede, e  só coloquei retratos dela.

Pouco depois de um mês de sua morte, o gato, Valdemar, morre também.

Tenho bebido intensamente.  Me alimento muito mal.  A casa está às traças e às aranhas também.

Não consigo entender pq ainda não me matei. Vez ou outra, vou até o centro da cidade. Mesmo com a minha figura cadavérica, algumas mulheres me dão bola.  Por causa do dinheiro que tenho, vero. Claro que não correspondo.

Ligéia era 11 anos mais jovem do que eu.  Se foi aos 46 anos, em 01.12.2013.
E minha vida terminou de vez, também, embora eu ainda continue "vivo"...





2 comentários:

  1. Poxa, Roderick! Nem sempre os finais são agradáveis, mas você tem belas lembranças que pode cultivar. E olha, isso não é fácil de se adquirir. Acredito que muitos passam a vida toda sem ter amado desta maneira.
    E procure afastar certas ideias da cabeça... a vida deve acabar independente da nossa vontade. Muitas coisas ainda podem acontecer.

    Fique bem!
    Beijos.

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    Respostas
    1. Muito obrigado pelo comentário e por sua presença, sempre encantadora.
      Tudo de bom!
      Beijos!

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