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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

As Contradições da Vida


Neste último sábado, a viúva do meu tio materno, morto há três meses, me deu suas roupas.

Eu, há pouco mais de um mês, já havia pegado um lote de roupas, em seu apartamento, contendo pouco mais de 10 camisas, umas 4,5 calças, 6 bermudas, mais de 10 cuecas e um incontável número de meias. A sacola/mochila estava bem pesada.

Como ela mora bem distante de mim, o que me faz pegar 4 ônibus para ir em sua residência, achei mais prático encontrar um carreto, que foi feito pelo marido da ex-faxineira da minha mãe, que mora em frente onde moro.

Foram duas sacolas/mochilas e duas caixas de papelão, cheias de roupas. Ganhei aproximadamente, umas 40 camisas, umas 15 calças, pouco mais de  5 pares de sapatos e 4 pares de chinelo e muitas e muitas bermudas, cuecas e meias, além de dois casacos, cinco cintos e um guarda-chuva.

Meu guarda-roupa, que é enorme, não coube todas as camisas. Umas 15 ficaram dentro de uma caixa de papelão.

Dei para a  ex-faxineira da minha mãe umas 40 camisas, duas calças, diversas bermudas e cuecas. Dei as minhas. Algumas estavam desgastadas, mas outras estavam em bom estado. Só as dei por falta de espaço e como me ajudaram, pq não posso ajudar os outros, outros mais pobres ainda do que eu? A vizinha e amiga vai dar meu vestuário para conhecidos seus, pobres, do interior de Minas Gerais.

Meu falecido tio materno, realmente, me surpreendeu. De um sujeito agradável, divertido, durante grande parte da minha vida, se tornou um chato, egoísta, inconveniente e folgado, quando foi morar com minha mãe, seu companheiro e eu(ficou com a gente por uns dois anos). Conseguiu desagradar a todos em nossa casa. Quando se mudou, foi um alívio para todos...

Surpreendentemente, depois da morte da minha mãe, em 29.08.2008, ele passa a me dar assistência, demonstrando muita preocupação com a minha pessoa. Ficou preocupadíssimo ao saber que meu dinheiro acabaria no final de maio, deste ano.
Ele chegou até a revelar que iria conversar com a sua irmã, que é bem rica. Mas, sua mana não se manifestou. Certamente, deve ter dito algo assim: "Ora, ele que trabalhe, como todo mundo! Ele não é doente, não é aleijado!".

E as surpresas não pararam por aí... Sua viúva tem se mostrado extremamente bondosa e atenciosa. Seu filho mais velho, disse que queria que eu ficasse com as roupas do seu pai. Tanto a viúva do meu tio, quanto seu filho, falaram que pretendem me ajudar financeiramente, quando receberem a pensão do INSS dele.

Fico contente, muito grato, até mesmo comovido, mas fico pensativo também. Isso me constrange um pouco. Será que mereço? As roupas dele eram de grife, chique mesmo!  Será que vou ter tempo de usar todas? Ando sem vaidade alguma, com a mesma apatia de sempre... irado, lutando contra os maus pensamentos, lutando para viver, mas sem vontade de continuar.

Poxa, meu dinheiro acabará em março. Será que antes disso, a pensão do meu tio será liberada? Será que sua viúva e seu filho me darão 1000 reais mensais? E é vero que todo ano os preços sobem... e eu já faço uma economia brava...

Bem, pelo menos minhas roupas servirão à pessoas necessitadas.
E já até deixei escrito que quando eu morrer, que as roupas voltem a ser da viúva do meu estimado tio.

E três almas boas cruzaram meu caminho: meu falecido tio materno, sua viúva e seu filho.

E a novela da minha vida, complicada e atípica, segue...



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