Total de visualizações de página

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Perdas







Perdas, mais uma coisa desagradável da vida; uma coisa sempre presente em nossa existência.

Quem nunca sofreu uma perda? Perde-se alguém, perde-se algum objeto, perde-se a saúde...

A primeira sensação de perda que senti, foi logo aos 8 anos de idade.
Eu morava com meus pais e meu irmão, de apenas 2 anos, num apartamento, no bairro Carlos Prates, perto do centro da cidade. Eu adorava morar ali. Gostava muito de ficar na janela, observando o movimento, já que morávamos na esquina de uma avenida bem movimentada.

Infelizmente, vez ou outra, aconteciam acidentes. Um deles, foi fatal. Ouvi apenas o barulho: um menino de dez anos foi atropelado... faleceu. E para se ter uma ideia de como minha mãe, não só era exagerada, mas distorcia muito as coisas, quando eu era já bem adulto, ela falou com uma pessoa, na minha presença, que eu me divertia vendo as acidentes. A desmenti na hora. ABSURDO!!!!!

Eu gostava do colégio, em que eu estudava, Frei Orlando, que era alguns quarteirões , distantes do apto.

Se moramos lá por 6 meses, foi muito. Fiquei super triste com a mudança, não só de residência, também de colégio.

Com 11 anos, minha segunda perda: a morte do meu avô materno. À partir daí, já comecei a duvidar da existência de vida após a morte.

E quantas e quantas perdas foram acontecendo... perdas e rejeições de namoradas, mulheres, amigos... coleções de fracassos, frustrações, decepções, erros e mancadas...

Os dias 29 e 30.08.2008 foram os piores da minha vida, pois perdi minha mãe. Uma dor até indescritível, indelével.

Ter que viver apenas por 10 meses numa residência, sendo obrigado a me mudar, devido a vizinhos canalhas, que moravam parede e meia comigo, que me perturbaram por meses, com som super alto, foi também uma grande perda.

Perdi também minha última amada, uma mulher , que mesmo com seus defeitos, que mesmo com o meu jeito sem jeito, pouco ortodoxo, de amar, eu amava. Pra ela, nada valho!

Entretanto, a maior perda da minha vida, aconteceu há seis meses: a venda dos meus pouco mais de 1000 Lps.

Só mesmo eu. poderia pensar que é uma dádiva morar sozinho, não se preocupar com ninguém, além de si próprio. Só mesmo eu, poderia pensar que o que me deu mais prazer na vida, foi ter e escutar os discos, que me acompanharam por uns 38 anos! E, para me deixar mais inconformado ainda, vendi-os para um canalha capitalista, ajudando-o a engordar mais ainda sua conta bancária.

Ora, se muitos dizem: "quanto mais convivo com o ser humano, mais gosto de animais", por que eu não poderia amar mais os discos do que às pessoas(e aos animais também)?
Vale lembrar que, creio que em 2008 também, o companheiro da minha mãe deu nosso papagaio para os outros, o que me deixou muito chateado... foi uma grande perda, já que eu gostava muito dele.

É cômodo, bem mais cômodo gostar de animais do que de seres humanos. O cachorro é um animal carinhoso e submisso. O gato é melhor ainda, mais cômodo, pois é asseado, delicado e não faz barulho como o cachorro.

Eu amava a minha mãe, mas meus discos, não balançam a cabeça negativamente, dizendo: "que gosto!", quando eu, por exemplo, dizia: que atriz linda! E não diziam o que ela disse sobre eu gostar de ver acidentes automobilísticos...
Eu gostaria que minha mãe estivesse viva, com muita saúde e alegria, mas não gostaria de morar com ela. Eu gostaria de voltar a morar com meus discos.
Nunca vou me conforma com tal perda, nunca!!!


Este aí ,em cima, é o guitarrista/cantor/compositor, Tony Mcphee. Ele compôs uma música chamada " 54146", cuja letra fala de uma perda. Ao ler a letra, de principio pensamos que se trata de uma mulher, a perda, mas ele perdeu foi sua amada companheira: uma guitarra.rs

Quem dera se houvesse paraíso e que ele estivesse bem próximo!



2 comentários:

  1. Bom dia Roderick.
    Comovente a sua historia meu amigo, muitas perdas. Muitas pessoas podem achar que o amor a sua coleção de discos pode ser insignificante, comparada a outras perdas que sofreste, mas com certeza eu não acho porque só você para avaliar a intensidade da falta que eles te fazem. Amei a ultima frase da imagem, tocante e verdadeira. Um lindo dia.
    Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa tarde, Mirtes. Vc é uma pessoa que compreende os outros. Gosto de gente assim!

      Sempre bom ver vc por aqui.
      Um lindo dia para vc também!
      Abraços!

      Excluir