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domingo, 22 de fevereiro de 2015

O Véu do Esquecimento


A primeira vez em que ouvi falar do véu do esquecimento, foi através de uma empregada lá de casa. Eu era bem jovem. Creio que adolescente.

Esta senhora, tinha idade para ser minha avó. Ela era o tipo de pessoa que nasceu para sofrer. Era bem escura. Morava , se não me engano, na favela. Trabalhava feito uma condenada. Comia até lavagem. Era uma pessoa boníssima... humilde, simpática. Tinha somente uma filha. Filha esta bem diferente dela: antipática, irresponsável e viciada em cachaça. Como a A sofreu com sua filha! E ainda teve que cuidar dos netos. A última vez em que a vi, no final dos anos 90, ou começo deste século, ela me revelou que seu neto predileto tinha a intenção de coloca-la num asilo... O mundo é muito justo, não?

Segundo os espíritas, e creio que assim como outras religiões que creem em reencarnação, esquecemos de nossas vidas passadas, graças ao véu do esquecimento.

Não quero me aprofundar no assunto.

Bem, anos atrás, se não me falha a memória, cheguei a comprar um livrinho(isso acho que foi nos anos 80), bem pequeno mesmo, de um religioso, de alguma seita derivada do hinduísmo. Não sei onde eu estava com a cabeça, pois não sou de fazer isso. Não sou de dar esmolas-até mesmo pq sempre estou duro- mas, talvez , movido pela curiosidade, comprei tal livro. Foi um desvio de conduta(rs).

O interessante do livro é que ele diz que logo após nossa morte, imediatamente , voltamos a nascer em outro corpo. Se estivermos pensando numa mulher, nascemos do sexo feminino; se estivermos pensando num cavalo, nascemos como animal. O espiritismo já diz que temos que nos preparar para nos reencarnarmos.

Sempre pensei muito na morte. E, como todos, sofri muito com a morte de entes queridos. Na verdade, as mortes que mais me fizeram sofrer foram a da minha mãe e da minha avó materna.
E penso que a angústia, a dor que sentimos, é porque não mais teremos contato com as pessoas que nos foram caras.

Como sempre digo, acho mais provável não haver vida além-túmulo. Mas, posso estar enganado.
Se houver vida depois da morte, acho possível que o véu do esquecimento nos cubra.
Esquecemos de tudo e de todos. Se o sujeito se chamava João, ele terá outro nome, seja na Terra, em outro planeta, ou outra dimensão. E não se lembrará de nada... nada , nada!

Caduquice, Mal de Alzheimer , e a pessoa esquece de tudo; ou melhor, quase tudo...

Até uns tempos atrás, eu ficava chateado, ao me encontrar com velhos conhecidos, que diziam que não se lembravam de mim(alguns até desafetos da juventude).
Hoje, nem me importo mais.
Algumas pessoas , ao serem vítimas de acidentes graves, esquecem o que ocorreu na hora do acidente. Até que é bom não ser lembrado, principalmente quando a gente erra muito e não é querida por outrem.

Eu ainda me lembro dela. Não com ternura, não com paixão, mas com mágoa. No entanto, ou o Nada, ou o véu do esquecimento um dia vai me cobrir.
Melhor esquecermos de certas coisas, não? E , como disse o ex-presidente Figueiredo: "eu quero é que me esqueçam!"(ele falou isso pouco depois que saiu do poder-estava de saco cheio-rs).

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