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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Minha luta contra o mundo(4)

Mais forte que minha paixão pelo futebol, foi a vontade de ser motorista de ônibus.

Adolescente, eu dizia, com muita convicção, que quando completasse 18 anos, tiraria carteira de habilitação, para ser motorista de ônibus.

Isso causava pavor em meus pais, que queriam que eu me dedicasse aos estudos e, preconceituosamente, diziam que a classe de motorista de ônibus era a pior que existia.

O que eu sentia pelos ônibus era uma verdadeira ideia fixa.  Certamente, foi minha primeira monomania.
Num dos contos de Edgar Allan Poe, o personagem relata sua monomania, chegando até a afirmar, em outras palavras, que era vítima de uma ideia fixa totalmente inútil, que sua monomania era uma bobagem.
Assim era minha paixão pelos ônibus.

Eu sabia de cor a quantidade de ônibus que muitas linhas dos bairros tinham.
Minha linha preferida era a do Calafate.  Meu ônibus predileto era um com a frente toda vidro, da carroceria Striulli.  Eu gostava também de outras carrocerias, como Vieira, Caio, Cirb e outras, as quais não me lembro , no momento.

Eu observava o teto, os assentos, o verniz, enfim, admirava os ônibus por dentro e por fora.
Costumava  tomar lotação, mesmo sem necessidade, apenas para admirar o ônibus.
Me imaginava dirigindo o veículo... imaginava até que tinha colegas de serviço...

Na época, meu papo maior era falar sobre minha paixão pelos ônibus, o que , certamente, deve ter cansado muito as pessoas.
Uma empregada nossa, poucos anos mais velha do que eu, um dia, ao chegar em casa, para o trabalho, começou a relatar que veio num ônibus bem novo e bonito... relatando detalhes do veículo.
De repente, ela falou: "epa, que isso?  Estou pegando a doença dele?!"(ela se referia a mim-rs).

Entretanto, antes de completar 18 anos, eu já não gostava mais de ônibus.
Eles foram ficando mais feios... os "arquitetos" dos ônibus, a meu ver, perderam a criatividade.

Na pós adolescência, eu detestava qualquer tipo de veículo.

Balconista, Auxiliar de Escritório, Auxiliar de Contabilidade, Caseiro de araque na fazenda da minha prima... foram algumas das profissões que "abracei".  Todas muitos ruins, vale dizer.

Como viver num mundo, não tendo ambição, objetivo , ideal?
O ideal não seria não existir?

Já perdi a luta, e isso, há tempos!
Quem foi apaixonado por ônibus, só pode ser louco, não?








4 comentários:

  1. Louco, de certo que não, amigo! Todo mundo tem uma mania, mais ou menos estranha. Minha mania é dar lições de moral para as paredes do meu quarto. Adoro discorrer sobre os abismos morais que as pessoas, inclusive eu, têm. Minhas quatro paredes são alunas fiéis e sempre comparecem às minhas aulas. Pelo menos delas ganho alguma consideração :)

    Fique bem, abraços!

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    1. Como dizem: cada louco com sua mania...

      Fique bem também, Rafael.
      Obrigado pelos comentários.
      Abraços

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  2. Você não é o único. Eu já fui viciado em ônibus (busologo)nos anos de 1979a 1983. Era exatamente como você relatou. Ficava reparando em todos os detalhes e até do cheiro de diesel eu gostava. Eu fazia também miniaturas perfeitas dos ônibus com riqueza de detalhes. Depois de um tempo deixei de gostar pois os ônibus dos anos 80 já não me atraiam mais. E as manias foram mudando para carros,motos, aviões e hoje gosto de guitarras. Mas levo uma vida quase normal. Me formei,sou casado e tenho um filho. A gente só precisa aprender a conviver com as manias. Mas ainda gosto um pouco de ônibus.

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    1. Bem interessante seu relato, Velho Roqueiro.
      Você, pelo menos, teve talento para criar miniaturas dos ônibus, eu nem isso tive(rs).

      Não sei se reparou meus posts, meu blog, com atenção, mas curto demais rock. Contudo, mesmo gostando muito de guitarra, não tenho ideia fixa.

      Muito obrigado por sua presença.
      Apareça mais.

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