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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Quatro tecladistas(3)

Richard Wright

Richard Wright é o compositor que mais gosto.  E penso que sua voz é ideal para o som que cria(criou, pois o tecladista já morreu).
Outra grande característica: a capacidade de fazer belos arranjos musicais.

Porém, foi um músico contraditório e imprevisível.
Nos primeiros discos do Pink Floyd, compunha com mais frequência, era mais ativo nos teclados, mas chegou um ponto que parou de compor, de cantar e seu trabalho como tecladista, foi ficando cada vez mais apagado.

Deixou o Pink Floyd, em 1980, depois(ou durante?) a gravação do legendário álbum, "The Wall".

Tecladista com um enorme potencial, Wright não gostava muito de aparecer, mormente em sua carreira solo.
Seus solos, com os teclados, nas suas três incursões fora do Floyd, não duravam mais de um minuto, em cada canção.  No seu primo disco, "Wet Dream", a maioria dos solos instrumentais foram feitos pela guitarra e pelo saxofone, por exemplo.  E pensar que no "Ummagumma", do Pink Floyd, o tecladista compôs uma faixa, de uns 14 minutos de duração, na qual dá um show de teclados: mellotrons, orgãos, pianos, eletrônicos...
A modéstia dele , chegava até a me irritar.

Seu projeto, Zee, feito em parceria com um músico de new wave(new romantic) foi muito criticado, inclusive pelo próprio Wright.  Contudo, penso que foi um trabalho bem interessante, inovador até: uma mistura de tecno pop com progressivo. É errado dizer que o disco é somente um trabalho de tecno pop, já que neste estilo, não escutamos solos de guitarra e de orgão hammond.  O solo de sintetizador em "Voices" está bem mais para o progressivo do que pro tecno pop, eu acho.

Em 1996, grava seu derradeiro álbum, "Broken China".
As letras, angustiantes, de cunho existencial, foram escritas pelo músico e poeta, Anthony Moore, que contribuiu nos arranjos musicais.  Certamente, deve ter sido ideia de Moore, o uso de violoncelo, corno angular e oboé.  Suspeito , igualmente, que ele sugeriu a Wright o uso maior de um teclado, com o som similar ao antigo mellotron.

Falando em mellotron, pena que o tecladista parou de tocá-lo no Floyd, e isso foi há muito tempo.

Wright  sempre tocou piano(exceto no Zee) e orgão hammond.  Tocou muitos sintetizadores, incluindo os contemporâneos , piano elétrico(cismou com ele no famoso "The dark side of the moon"), clavinete, harmonio.  Nunca ouvi ele tocar cravo.  Tocou, no Floyd, vibrafone e até trombone.

Seu estilo paradão e soturno de tocar orgão, influenciou a muitos tecladistas no rock.
Já no primeiro disco do Pink Floyd, "The Piper of the gates of dawn"), o tecladista comprova que não era um músico comum, que tinha estilo, bem pessoal.

Suas belíssimas suaves canções, eram o que chamo de balada progressiva espacial.
Saiu-se muito bem com canções deste naipe, no começo de carreira, do Floyd, incluindo músicas psicodélicas, como "See Saw" e "Paint Box".  Sem essa de compará-las com os geniais Beatles... era um som bem diferente, único!
E "Summer 68"?  Que piano, my god!!!  Que trabalho de orgão, dio mio!  E que voz!!!
E o tecladista, o quieto , discreto Richard Wright dizia não gostar de suas músicas antigas.

Infelizmente, Wright faleceu, de câncer, em 2008, justamente quando compunha canções para um novo disco solo.  Se existir vida depois da morte, espero , ansiosamente, ouvir tais músicas.

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