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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Trabalho de Sísifo

Na mitologia grega, a saga de Sísifo é uma das que mais me chamou atenção.

Considerado o mais astuto de todos os mortais, Sísifo se deu mal com algumas de suas atitudes.  Devido ao seu comportamento, foi condenado pelos deuses.
Condenado eternamente a empurrar uma pedra para o alto de uma montanha, onde ela rola de volta.
"Por esse motivo, a expressão "trabalho de Sísifo", em contextos modernos, é empregada para denotar qualquer tarefa que envolva esforços longos, repetitivos e inevitavelmente fadados ao fracasso - algo como um infinito ciclo de esforços que, além de nunca levarem a nada útil ou proveitoso, também são totalmente desprovidos de quaisquer opções de desistência ou recusa em fazê-lo.".  Sísifo tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para mostrar-lhe que os mortais não têm a liberdade dos deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo, pois, concentrar-se nos afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, tornando-se criativos na repetição e na monotonia"(Wikipedia).

É isso, o mito de Sísifo condiz com a dura realidade do ser humano: resolvemos , nos livramos de um problema, mas aparece outro... e o mesmo problema pode também retornar.

Foi ontem, quando eu, depois de pouco mais de um mês, voltei a limpar a grama cortada do enorme quintal da casa do meu primo, na fazenda, que me lembrei do mito de Sísifo.  Gastei umas três horas, na parte da tarde, só limpando um pequeno trecho do quintal.  Hoje, de manhã, gastei mais três horas e quinze minutos, e ainda falta muito pra terminar o serviço.  E amanhã, além de eu ser obrigado a continuar limpando a grama cortada, tenho que rastelar(varrer, limpar) as folhas das árvores do quintal, que é um serviço que costuma durar até mais de oito horas, quando o quintal está mais sujo, devido a ventania e chuvas.
Na realidade, pode-se dizer que todo final de semana , passo limpando o quintal.
E ficam pendentes a limpeza das mangas, que caem dos pés( a quantidade é enorme), assim como os matos nas plantações de couves, abacate, chuchu e jiló.

O serviço tem aumentado, assim como meu descontentamento, principalmente pela proibição do primo da gente dar frutas para os outros e da chatice de sua esposa, que tem a antipatia geral do povo da cidade interiorana, incluindo a bondosa irmã do meu primo.

Nesta semana, pretendo conversar com o primo, esclarecendo sobre a "doação" de frutas, sobre minhas tarefas na fazenda, afirmando que trabalho com afinco, que espero que ele e sua esposa não pensem que fico o dia inteiro sem fazer nada, que qualquer um sabe rastelar(varrer) e aguar plantas, coisas que faço e já fui cobrado por sua mulher, como se eu não estivesse executando tais serviços.  Cientificarei, igualmente, que não tenho mais a ajuda da viúva do meu tio materno, que as despesas de mantimentos têm aumentado...

Rastelar folhas é um dos serviços mais inúteis que existe.  Mal acabo de limpar e o Mr. Wind(Senhor Vento) derruba as folhas novamente... mais um trabalho de Sísifo!

Não estou aguentando mais empurrar esta pedra!
Tenho que tomar coragem e desafiar os "deuses", parando de empurrar a pedra e , finalmente, descansando, encontrando a paz.

Vim hoje, na biblioteca da cidade interiorana, por causa da curiosidade em saber da resposta da viúva do meu tio, por e-mail, no tocante eu ter dispensado sua ajuda.  É mais comum eu vir na cidade interiorana  nos dias segunda e terça-feira, mas na próxima terça, é feriado-aniversário da cidade- e a biblioteca não abrirá nestes dias citados.

E fiz mais uma inimizade na minha vida: a viúva do meu tio materno.
Não concordo com a resposta que ela me deu... nem vou lhe responder... melhor ficar sem ajuda do que ser humilhado.

Se eu ficar enrolando e não tomar a decisão de parar de empurrar a pedra pro alto da montanha, corro o risco de passar fome e não ter moradia, a não ser que eu seja "acolhido" em um asilo, o que seria terrível também.
Creio que meus dias na fazenda do meu primo estão contados.
Ah, se os "deuses" tivessem pena de mim, me libertando deste martírio chamado vida, existência!

Três anos seguidos de muito sofrimento, tensão: 2014,2015 e 2016... e, agora, o 2017 já começa mal, sendo que a novela triste e dramática, parece que se repetirá outra vez...
Não estou aguentando mais!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mágoas!  Dor! Revolta!  Desânimo! Ódio!


2 comentários:

  1. Olá, Roderick. Não sei o que escrever para você. Palavras de consolo não sei se vão ajudar. Sei que sinto uma pontada de tristeza ao sabê-lo nessa situação (um alguém que não conheço a fundo, mas pelos textos que li não é em nada medíocre e com certeza não merece isso). Sinto também uma impotência ao saber que não posso ajudá-lo de alguma forma significativa...
    De qualquer forma, gostaria muito de continuar a ler o que escreves.

    Abraços! Se possível, fique bem!

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    Respostas
    1. Agora sou eu que digo que não sei o que escrever.
      Muito obrigado pela força, Rafael.

      Saúde e paz!
      Abraços

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