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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Juízo Final(continuação)

O Juiz:  A sessão continua.  Com a palavra o Promotor.

O Promotor:  Senhor Roderick Verden, tu renegastes Deus.  Contraditório(outro dos seus
                      inúmeros defeitos), ao mesmo tempo em que diz não acreditar em Deus,
                      afirma não confiar e nem crer em sua bondade. O senhor é tão desprezível
                      que não gosta até mesmo do criador de todas as coisas.
Roderick Verden:  Não há como provar a existência de Deus e, modéstia à parte, penso
                            como uns poucos sensatos, que se Deus existir, ele não é perfeito nem
                            bondoso, já que criou o homem, um ser tão imperfeito. A natureza é
                            selvagem, violenta, predadora. "O sofrimento é a lei de ferro da natureza".
O Promotor:  És isento de humildade, Senhor Roderick Verden!
R.V.:  Jamais concordarei e, evidentemente, gostarei de um mundo , no qual não vivemos
         sem problemas e cuja coisa principal é o dinheiro; um mundo injusto, conturbado e
         hipócrita!

O Promotor:  Seu destino final , na Terra, foi patético!  Terminou na sarjeta, sobrevivendo
                      graças a caridade alheia!  Perdeu tudo, do pouco que tinha, porém, não perdeu
                       a arrogância!
R.V.: Digo que não perdi a minha dignidade e nem meu senso crítico.
O Promotor: Dignidade?! O senhor, certamente, não deve saber o significado de tal palavra.
                     O senhor se tornou um farrapo humano, um ser digno de dó, pelas pessoas
                     piedosas.

O Promotor:  Sua falta de amor pelas coisas, é tamanha, que nem gostas de animais, já
                      que não quis  ter animais de estimação.  Sempre preferistes preocupar ,
                      viver só consigo mesmo, senhor Roderick Verden!
R.V.: Não vejo nada de errado em não gostar de ter animais de estimação, e isso não significa
        que desgosto dos animais.  Gosto deles, mas sem o sentimento de posse.
O Promotor:  Falácia, falácia...

O Promotor:  Complexado, nunca aceitou seu físico, sentindo um enorme desconforto
                       por ser feio e franzino.
R.V.: Nunca gostei mesmo e tenho tal direito.

O Promotor:  O senhor foi visto com antipatia e desdém por muitos e muitos.
                      Era tido como prolixo... um chato!
R.V.: Se incomodei os outros, algumas vezes, parei com tal coisa e cheguei mesmo
        a me retratar.  Detesto incomodar as pessoas e ser injusto. Com o tempo, percebi
        as delícias da solidão.
O Promotor: Isto não passa de uma fuga, já que és um covarde. Nenhum homem nasceu
                     para viver sozinho, nenhum homem é uma ilha!
R.V.:  Sou uma ilha e ninguém vai me doutrinar, mudar minha mente, já que adoro viver
         só.
O Promotor:  Sua mediocridade, inexpressividade, falta de carisma, de inteligência, seus
                      incontáveis fracassos e erros, o impeliram para a solidão.
R.V.: Pense o que quiser.  Sou mais eu!
O Promotor: Ah, a mesma conversa mole(e pretensiosa), de sempre. Sabemos sobre a
                     LL, sua última tresloucada, irracional(e pretensiosa) paixão.
                     O senhor é um homem tão repugnante, Mr. Roderick Verden, que tratou
                     com uma imensa estupidez uma mulher a qual dizia que amava.
                     Não confiava nem um pouco na sua amada.  O senhor não confia em
                     ninguém, nem em si próprio!  Mais um defeito: és inseguro/desconfiado.
R.V.:  Pra mim chega!!!  Chega!!! Chega!!!

O Juiz: Ordem no tribunal!  Continue, Promotor.
O Promotor:  O senhor Roderick tinha um ódio mortal por grande parte de seus desafetos.
                      Tal atitude, denota pobreza de espírito.
R.V.:  Alguns desafetos tinham mais é que morrer mesmo, se danarem!
R.V.: Continuo  firme com as  minhas convicções, e só quero ter paz.

 O Juiz: Mais alguma coisa, Promotor?
O Promotor: Nada mais tenho a dizer.
O Juiz:  Mais alguma coisa, Senhor Roderick Verden?
R.V.: Nada mais, a não ser paz.

O Juiz: A sessão fica suspensa por alguns instantes, para que os jurados deem o veredito.



                     

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