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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O novo disco do velho Roger Waters(Esta é a vida que realmente queremos?) 2

Os títulos das músicas são bem fáceis de se traduzir.  "Quando éramos jovens", "Uma parte de mim morreu", "Pássaro numa ventania", "A garota mais linda no mundo"...
Ah, a garota mais linda do mundo... Claro que isto me faz lembrar da minha última paixão amorosa, a tal LL(Linda Linda).  Uma vez, depois de mais uma briga, em mais e-mails, ela , ao se desculpar da sua agressividade, teve como resposta minha que, todos têm o direito; um dia, pelo menos, extrapolam, ficam nervosos, e por que a "coisa mais linda do mundo", não poderia , também, sair do sério?  É, pra mim, ela era a coisa mais linda do mundo.

Mas, o álbum não é um disco de amor, nem mesmo é um disco que foca crises existenciais... a ênfase foi dada, mais uma vez, na política.
Waters perdeu o pai quando era um bebê.  Seu pai foi morto na Segunda Guerra Mundial.
Evidentemente, isto o marcou muito.
Numa de suas canções, do Floyd ele diz "sou filho de um homem morto".  Bem, ele não teve pai.  Eu tive, mas, ao mesmo tempo não tive, já que meu progenitor era um sujeito muito calado e quando abria a boca era pra me xingar, até mesmo me humilhar, além de ter sido um péssimo marido para minha infeliz mãe.

Interessante é que o disco é produzido por um produtor da banda Radiohead, que, segundo a ficha técnica, é responsável pelos arranjos e pelos efeitos sonoros.  Bem, será que Waters não tem mais capacidade de criar arranjos e de usar suas fitas de efeitos?  Será que devido a idade, 73 years old, o mestre do pessimismo não consegue mais criar tais coisas?
Seja como for, pode se dizer que o produtor é um imitador do Roger Waters, tanto nos arranjos como nos efeitos sonoros.  O piano é instrumento constante.  Waters, que já nem era mais instrumentista(vejam a ficha técnica de seu álbum solo anterior "Amused to Death"), voltou , com força total, a tocar violão e baixo.
Quase não ouvimos guitarra, o que foi criticado por um tanto de ouvintes. Contudo, achei positivo isto.  Adoro guitarra, entretanto, é bom escutar discos com a presença pequena do instrumento, ou mesmo com a sua ausência.  É algo diferente...
A orquestra é bem mais cativante do que a que foi regida, há anos, nos discos solos de Waters, pelo saudoso Michael Kamen.  O violoncelo permeia... um instrumento sinistro, amargo, bem ao estilo do super amargo Roger Waters.
Há ainda a presença de sintetizadores, tipo setentistas, coisa que Waters não costumava usar em seus discos.
Assim como no álbum anterior, "Amused to Death", não há a presença de saxofone. Entretanto, o coro feminino continua  presente, mas bem mais discreto.

Um detalhe, uma correção:  a letra de "Wait for Her", não é de Waters, é de um palestino , Mahmoud Darwish.

Provavelmente, este é o último disco , gravado pelo gênio, o gênio genioso Roger Waters.
Ele continua o mesmo. E é um engajado, politicamente falando.
Aí que não concordo com o mesmo... Para o Waters, pelo que pude entender, nosso problema, o problema humano, é político, é de sermos dirigidos por perniciosos homens políticos.
Porém, fico com as opiniões de Schopenhauer, Sófocles e, até mesmo do cineasta Woody Allen: nosso maior problema é existencial.  O ser humano, os animais, não deveriam existir.
Se fomos criados por um Deus, fomos abandonados... cada um que se vire...
E Waters, numa das canções do citado disco, proclama que se fosse Deus, faria algo em prol da humanidade...

O que se pode esperar de um mundo , o qual ninguém vive sem problemas e sem dinheiro?

Bem, o que não falta, Mr Waters, é quem ama e concorda com a vida, mesmo com todos os revezes. Portanto, esta é a vida que muitos querem.

Ah, garota mais linda do mundo, por que você me abandonou?

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