Ele tinha a mesma idade minha. Gostava de tomar pinga, embora acompanhada de cerveja(não tenho bebido cerveja). Ele tinha o intestino ruim, bem até pior do que o meu, já que quando bebia, interrompia sua empreitada, para ir no banheiro defecar(!!). Comigo, felizmente, isso não acontece.
Ele levou um tombo no banheiro. Foi hospitalizado e teve um derrame. Suspeito, não estou bem certo, que foi em consequência de bebida.
Eu o conheci, neste mesmo ano em que ele faleceu. Ele me tratava bem. Era uma pessoa simpática, carismática. Alto, usava óculos escuros e parecia ser mais jovem.
No entanto, pelos seus relatos, percebi que ele era encrenqueiro, chegando até a se envolver com polícia, devido a brigas. E ainda teve a coragem de me revelar, que se auto-machucou , só para comprometer um desafeto diante da polícia.
Ao comentar sobre sua morte com um dos frequentadores do bar, um sujeito idoso, o mesmo me disse: "Ele já foi tarde!". Na hora, fiquei chocado com o idoso, e disse: eu nunca tive problema com ele. E o idoso disse: "ele era um fdp!". Ainda me afirmou que um amigo seu(do idoso), não gostou da sua satisfação com a morte do indivíduo, e ele o xingou...
Minha saudosa mãe, ficava perplexa e indignada, quando muçulmanos e/ou palestinos comemoravam a morte de alguma autoridade de Israel.
E ela me contou, que há muitos e muitos anos, tomou conhecimento que o irmão mais novo do meu pai, um sujeito muito genioso e complicado, pensou(ou soltou) em soltar foguetes, ao saber da morte de um de seus desafetos.
Quando eu e minha mulher voltamos, ao visitar sua mãe, numa cidade, região metropolitana de Belo Horizonte- cidade muito agradável- falei com uma de suas irmãs que me lembrei dela, da outra sua irmã solteira e de sua mãe, ao saber do falecimento do comediante Costinha. As três e a minha ex o detestavam, e ainda falavam: "ele parece bicha!". E a minha então cunhada, uma pessoa discreta, séria, culta, que sempre me pareceu uma pessoa equilibrada, disse: "gostei muito ao saber da morte dele". Custei a acreditar no que ouvi(rs).
No entanto, creio que pessoas como o idoso, que citei, os palestinos, meu tio paterno e minha ex-cunhada, apenas foram sinceras.
Minha mãe não era falsa, mas não falava nada contra os mortos e nem gostava de ouvir alguém falar. E até os elogiava, como foi o caso da sua própria mãe, que dava nó até em pingo d'água e minha mãe estava cansada de saber disso.
Não obstante, é comum mesmo depois de morta, a pessoa ser elogiada...
É complicado dizer certas coisas, expressar seus sentimentos, que costumam magoar os mais sensíveis. Não só sensíveis, mais humanos, que conseguem ver qualidades, mesmo numa pessoa totalmente desprovida de caráter. Outro fator complicado: costuma acontecer que um de nossos desafetos é de uma família muito legal, sendo ele a ovelha negra... temos vontade de dar porrada, até de matar, em casos mais extremos, mas a família... sangue do meu sangue... "ah, ele é genioso, mas tem o coração bom"...
E nem só a família protege os desprovidos de caráter, alguns amigos também fazem o mesmo.
Eu, que já matei muita gente no pensamento, comungo com os que dizem, "Já foi tarde!". Embora eu ache que a minha ex-cunhada exagerou, afinal o Costinha era só um comediante, que ela achava sem graça e antipático(rs). É bom sim, se livrar de desafetos. Este deve ser um dos motivos de eu apreciar certos ditadores , como Stalin, Ceausescu e Saddam Hussein.
E eu, com 58 years old, já estou passando da hora de ir... ando cansado de fazer horas extras. Ando cansado de viver num mundo, cujo maior valor é o dinheiro. Ando enfarado de continuar jogando, só para cumprir tabela, pois já perdi o campeonato há muito tempo!
Até quando?
Nenhum comentário:
Postar um comentário