Total de visualizações de página

domingo, 20 de julho de 2014

A Maior Decepção da Minha Vida(segunda parte)








As aulas eram na segunda e quarta-feira, sendo que na sexta-feira era revisão. Nunca fui na aula nas sextas. Ela dizia que sempre ia.

Eu já me sentia deslocado no mundo há muito tempo, tipo questionando: o que estou fazendo aqui? Estava de saco de cheio das pessoas me acharem esquisito, excêntrico, louco. Até então, eu não havia conhecido alguma pessoa que se identificasse comigo. E surgiu a E.E. Ela parecia uma versão feminina minha, um Roderick Verden de saias.

Nossos papos, nossa amizade, era uma delícia. Finalmente, eu havia encontrado uma pessoa que se parecia muito comigo: antissociável, quieta, não gostava de dançar, caseira... Seria minha alma gêmea?
Acabei me apaixonando.

Como de costume, haviam barreiras: ela era bem mais culta do que eu; adorava estudar, aparentava ser de classe alta, parecia que não queria compromisso. Notei que ela tinha bronca com os homens e que era insegura. Eu não acreditava que ela estivesse apaixonada por mim, mas pensava que ela tinha muita amizade pela minha pessoa. Um dia, ela me disse, com a sua doce voz: "se somos amigos agora é pq fomos amigos em outra encarnação". Ela dizia que nunca tinha namorado... Eu estava com 25 anos, ela, se não me falha a memória, falou que tinha 23(ela parecia mais velha). Difícil de crer que uma mulher até atraente, nunca tinha namorado... mas o idiota aqui acreditou.

Com as minhas costumeiras desconfianças, cheguei até a pensar que ela poderia ser lésbica(rs).
Um dia, falando sobre um casal de lésbicas, perguntei: "Vc aprova isso? Ela, fazendo uma cara de repulsa: Eu não!"rs.

Não saímos juntos, nosso contato se restringia apenas no curso. No último dia de aula, revelei que iria sair do curso. Ela começou a lamentar, dizendo que era muito bom conversar comigo, que eu não deveria sair. Eu falei que a gente poderia continuar a ser amigo. O Natal estava para chegar, lhe dei de presente uns lencinhos e uma fita de música romântica. Lhe dei meu telefone. Ela falou que iria ligar pra mim à meia noite...

Eu já não comemorava mais Natal, não gostava, mas fiquei esperando o telefonema dela... e o telefone não tocou. Fiquei frustrado. Esperei que ela telefonasse nos outros dias ... e nada!

No dia do resultado das notas das provas, fui até  o curso, na ânsia de encontrá-la. Não a vi na sala de espera. E eu fiquei esperando... parece que as aulas já haviam começado... De repente, ela, saí da sala de aula, abraçado com um sujeito. Foi como se eu tivesse levado uma facada! Foi terrível! Pode parecer brincadeira, mas a música do Roberto Carlos, "O Tempo Vai Apagar" veio à minha mente, cantada por um coro fúnebre.

Eu ainda tive forças para ir atrás dela. Descemos juntos no elevador. Ela não me apresentou o sujeito, que era alto, parecia ser quieto, paradão, de óculos, com espinhas no rosto. Ele ficou o tempo todo calado. Lhe despedi, dizendo: felicidades! Ela agradeceu rindo, um riso que parecia ser deboche.

Eu estava sem entender nada e muito chateado. Resolvi investigar. Ela dizia que morava num bairro nobre, numa casa, junto com a sua família, pais, irmãos... De fato, ela morava no bairro nobre, mas num apartamento com um cara. Segundo o porteiro, o casal era muito calado, e o rapaz era meio gago.

Descobri o telefone dela. Ao ligar pra ela a primeira vez, acabei não falando sobre minhas dúvidas. A conversa foi muito curta. Não me lembro mais se liguei novamente. Sei que voltei ao curso. E a vi do lado de fora do prédio. Certamente, esperando seu companheiro. Ela fez uma cara muito ruim quando me viu. E falou que depois me telefonava... foi indo embora(na verdade, ela estava fingindo que iria embora, certamente, temendo que seu companheiro aparecesse).

Algum tempo depois ela telefona para minha casa. Minha mãe, que atendeu o fone, disse: "que voz bonita, suave!".
A E.E. falou que andava muito ocupada, estava cursando psicologia, que nosso caso não daria certo, que sou um cara muito legal e que ainda encontraria uma mulher bacana... Eu a interrompi, dizendo que eu não pedi nada pra ela, que eu só queria entender o pq de tanta mentira. Falei que ela dizia que morava numa casa com a família, mas ela morava num apartamento... aí, ela me interrompeu e falou que morava com uma amiga. Falei que era mentira, que ela morava com um cara, ela falou que morava com um irmão... logo em seguida, falou que iria se casar. Eu retruquei: mas como pode, vc dizia que não estava namorando, e vai casar?  Nisso o companheiro dela apareceu, enciumado, gritando com ela: "Este cara agora vai ficar ligando pra aqui? Ela falou que se tratava de um colega do curso de inglês. Ele pegou o telefone e com raiva disse: "O que vc está querendo com a E.?". Respondi que só queria conversar com ela. Foi contrangedor!
Ela pega o telefone e diz: "eu sou casada" E completa: "será que vc não viu minha aliança?" Eu falei: agora entendi, foi tudo uma farsa. Ela falou: "vou desligar o telefone"...

... continua

Nenhum comentário:

Postar um comentário