Inquietude Que Me Inquieta

Primeiro planejei para o começo de maio, depois para o final do mês.
Acabei não fazendo o que planejei. Fraquejei!
Estupidamente, vendi meus pouco mais de 1200 LPs, um patrimônio, uma paixão que me acompanhou por 38 anos.

E continuo com a minha vida rotineira, marasmo, angústia, descrença. Pra piorar , as lembranças da minha ex-paixão virtual.

E estes , atualmente, são os dois fantasmas que mais me atormentam: a perda/falta dos discos e as lembranças tristes da mulher a qual me apaixonei.

Certas atitudes minhas,confesso que não sei responder, e vivo me questionando, por que não dei cabo da minha vida, se não acho graça em mais nada, estou de saco cheio de tudo?

Daqui a alguns meses o dinheiro acaba, mas não vou fazer como fiz anteriormente, torrar o dinheiro que me resta, planejando um determinado dia, deixando duas cartas de despedida, fazendo um post com data pré-datada, anunciando meu corte final. Desta vez, vai ser de improviso, talvez até numa destas silenciosas madrugadas.

Por que voltei a olhar o blog da minha ex-paixão, assim como olhar seu Facebook? Felizmente, ela não tem participado na blogosfera, mas está ativa no Facebook. Fico irritado em saber que ela tem se exposto, está com amigos... rindo... É,me incomoda vê-la rindo, vendo seu carinho pelos seus amigos.

Já não sinto mais falta dela, sinto uma antipatia, que beira até o ódio. Já há alguns anos, ela chegou a me falar que havia se arrependido de ter me conhecido. Só, há pouco tempo, que me arrependi também de tê-la conhecido.

Não dá para sentir falta dela, até mesmo pq aquela mulher , que me parecia equilibrada, que tinha juízo, meiga, nunca existiu. Quem é ela?  A meu ver, apenas mais uma mulher pouco ou nada equilibrada, inconstante, narcisista, fútil,etc... das tantas que existem no mundo virtual .
Uma mulher moderna, cheia de vida, que até declarou em seu blog, que se quando velha for para um asilo, vai agitar o lugar: "vou  promover gincanas de jogar torta na cara, bailes da saudade à fantasia, vou ameaçar os funcionários com  Travessuras ou Gostosuras no mês das bruxas, vou montar um coral e cantar Oh Happy Day o dia todo (dizem que pessoas velhas desenvolvem manias) e uma banda pra tocar A Little Less Conversation de noite, vou ouvir muito Guns'n Roses, Michael Jackson e Amy Winehouse, e vou mudar o nosso visual de velhinhos,  usaremos roupas estilosas e coloridas, tão coloridas quanto fosse possível deixar os restos das nossas vidas...". Tortas na cara... coral... bailes da saudade... travessuras no mês das bruxas...
Até nisso, somos diferentes, velhice pra mim é um fardo, prefiro morrer antes, mas ela quer colorir a velhice, com muito assanhamento, como jovem. Mas, ela é apenas mais uma dos politicamente corretos, bem presentes no mundo virtual, que chegam até a ver prazer na terceira idade.

Onde eu estava com a cabeça ao me apaixonar por uma mulher assim? E olha que eu sempre soube que ela era muito extrovertida e sociável. Me enganei sobre outras facetas da sua personalidade, como relatei no parágrafo acima, mas mesmo sabendo das barreiras , de tudo ser contra um romance feliz entre nós, me apaixonei perdidamente. E ela ainda diz que não me apaixonei... Ela é uma mulher egoísta, orgulhosa, durona, absolutista, feminista , bairrista, uma eterna metamorfose ambulante, sem piedade, que adora ser o centro das atenções, seduzir, de dar uma de misteriosa... adora lobos, panteras, Cleópatra, tango, dança do ventre.

Como eu pude ser tão idiota assim? Em termos de mulher, de gostar, nunca eu paguei tanto minha língua; nunca caí tanto no ridículo assim!
Eu, um homem maduro, cinquentão, experiente, me comportando como um adolescente, como um débil mental apaixonado! Tudo em vão!  Como poderia dar certo um sujeito paradão, que não gosta quase de nada, que parou no tempo, caseiro, recluso, sem objetivo algum, sem amigos, sem família, sem ninguém, sem nada, com uma mulher que é o oposto, que é elétrica, super sociável, que não vive sem amigos, não vive sem se exibir, sem seduzir, uma mulher que, na realidade, não quis e nem quer compromisso, não só comigo, com qualquer um, já que importante, além da "liberdade", é provocar, seduzir, fazer charminho, fazer mistério...

Quanto mais cheia de vida, mais fútil a pessoa é.