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quarta-feira, 27 de maio de 2015

O Muro(A Parede)


Não estou brincando. É sério. Já estou bem grandinho para fazer brincadeiras de mau gosto. Já passei da fase das traquinagens.
Mas, será que estou louco? Pode ser que sim, pode ser que não. Isso é mais uma das coisas que não sei...

No disco "The Wall", do Pink Floyd, o líder do grupo, Roger Waters, narra a saga de um personagem, chamado Pink, que constrói um muro metafórico, a fim de se isolar do mundo.
Insatisfeito na escola, tendo perdido o pai quando ainda era um bebê-morto numa batalha da Segunda Guerra Mundial- educado por uma mãe possessiva, usando drogas e, por fim, com o término do seu casamento, acaba de construir a parece isolacionista... no final, seu juiz interior ordena que ele destrua o muro e se abra para o mundo. Um happy end, para um história bem sofrida, amarga.
Não é à toa que Roger Waters é engajado. Ele próprio se revelou mais otimista, de uns tempos pra cá. Waters derrubou a parede; acredita em dias melhores. Parece crer na vida, na evolução humana.

Pode-se dizer que comecei a construir meu muro de isolamento, aos 18 anos. No entanto, não é nada fácil construir um muro sozinho(não saco nada de construção-rs). Creio que por isso, o muro defeituoso, foi invadido por: namoradas(uma delas casou comigo); ficantes; paixões não correspondidas;"amigos"; contatos, empresas, nas quais trabalhei;  bares;diversões; religião(o kardecismo); em menor escala, escolas;família e parentes.

Com o decorrer do tempo, e como passou o tempo, o muro ficou totalmente construído! O que ainda resta é minha ida em bar(es). No entanto, mesmo quando estou num boteco, há uma parede entre mim e as pessoas.

O muro me deixa satisfeito. Mas, sempre existem os poréns. Vivo de ouvir música, usar computador, comer, beber, de práticas onanistas(cheguei a um ponto que penso que é bem melhor imaginar. A realidade raríssimas vezes foi boa pra mim).
Sem dinheiro para me sustentar, meu muro pode desabar.

Sou como um alienígena, sim, vivendo num planeta no qual sinto-me super deslocado... um estranho no ninho.

E no lote  em que moro, não tem muros altos,como o metafórico, que criei. Resido no alto. No lote, há mais uma casa e dois modestos barracões. O meu fica nos fundos, e como a varanda é aberta, apenas cercada de um muro , com pouco mais de 1 metro de altura, escuto o movimento da vizinhança(até mesmo das casas ao redor... uns 20 metros distantes). Ouço conversas(a contra-gosto, claro) e, o pior de tudo, sons em volume alto.

Até maio, deste ano, eu não poderia me queixar muito da vizinhança , que mora no lote em que moro. Porém, desde abril, reside embaixo onde resido, uma família, composta por uma mulher e suas duas jovens filhas. E num sábado, em 02.05., elas promoveram uma festa, que durou das 14 hs., até a madrugada de domingo, às 3:30. Foi um horror!

Tal família, é conhecida do casal que mora na casa da frente-que tem um casal adolescente de filhos- não sei se são parentes. E o outro barracão, o mais precário de todos, que faz parede e meia com a casa, agora tem como morador, o filho do casal; um jovem que acredito que se tiver 18 anos é muito. Ele engravidou, pelo que entendi, uma das moças, que mora no barracão embaixo do meu. Estão casados, ou melhor, amigados...

Até o momento, tirante a terrível festa do dia 02 de maio, eles não me perturbaram tanto. No entanto, ando tão ranzinza,  cada vez mais gostando de silêncio e isolamento, que até mesmo as conversinhas, os movimentos no lote,me incomodam. É como se eu não estivesse mais morando sozinho. É similar a eu morar numa enorme casa, na qual há mais pessoas, além de mim. Só que , não tenho contato com elas(felizmente), somente escuto suas vozes e movimentos.

Ontem, à noite, por volta das 21 horas, os vizinhos que moram em outra rua, paralela à que moro, perturbaram com som em volume alto. Foi uma festinha de aniversário(ouvi o famigerado "Parabéns Pra Vc"). Repleto de crianças(ouvi até uma voz dizer "pai"), a ouvirem músicas , de péssimo gosto, com contesto sexual. A bagunça, travestida de festa, durou apenas uma hora, e , mesmo assim, me irritou bastante.

Mesmo se eu tivesse dinheiro pra me sustentar, não estou gostando mais de viver aqui. Literalmente, não existe um muro, e se existisse teria que ter como isolar o barulho que existe nas redondezas( uma acústica que abafasse o barulho ao redor).
E também não é nada agradável, se deparar, no corredor do lote, com os vizinhos, quando tenho que sair de casa.

Não obstante, meu muro de isolamento, que me separa dos meus colegas terrestres(do planeta Terra), continuará de pé. Só será derrubado com a minha morte, e creio  que tal fato está prestes a acontecer; apesar do dia de amanhã, ser bem imprevisível.




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