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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Palhaço Joy

Como qualquer pessoa adulta sabe, as duas coisas mais certas da vida são a morte e problemas.

Me mudei para a roça em 25.07.2015. No dia 26 , já tive um problema. Tive mais problemas com o decorrer do tempo...

E poucos dias antes de completar dois meses morando na fazenda, já não estou gostando mais.

Sou mesmo um caso perdido... incurável...

Ora, se tenho consciência, e isso há muitos e muitos anos, que ninguém vive sem ter problemas, claro que eu já previa que minha alegria por morar na roça  duraria pouco.  E foi isso o que aconteceu.

Estou de saco cheio, enfarado de vacas, do proprietário delas, que é cunhado do marido da minha prima... Já tenho um ódio mortal pelas abelhas e, mesmo não tratando mal a cachorrinha , que minha prima colocou para eu tomar conta, estou também de saco cheia dela. É, morei sozinho de 17.02.2009 até 10.09.2015, dia em que fui "presenteado" com uma cachorra, cujo nome é Lindinha, mas já estou a chamando de rabinho, de tanto que ela abana o rabo.

Tá bom, ela é bonitinha, até que quieta, mas é manhosa, pegajosa... características de cães. É carinhosa,  mas até carinho em excesso cansa. Em certos dias , em que estou mais chateado, nem carinho faço nela. Ás vezes, faço um chamego... fico com pena. No entanto, se foi mesmo a felicidade de morar só.

E a cachorrinha já veio doente. Tive que dar comprimidos e jogar expray em uma de suas patas e numa parte do seu corpo, já que ela estava machucada. E não é tão fácil fazer isso, principalmente usar o espray, ela não fica quieta... Mas, felizmente, ela melhorou.  Contudo, pintou mais problemas corpóreos: ela está tossindo muito e com coceira excessiva. Minha prima acabou de comprar um antibiótico. Tenho que medicá-la de duas em doze em doze horas, com um quarto de comprimido, por 21 dias.

Apesar de ainda não ter brigado com o cunhado do marido da minha prima, não gosto de suas atitudes. Neste final de semana , ela não apareceu na fazenda. Revelei à minha prima e ao seu marido, meus sentimos em relação a ele e ao que tem ocorrido no tocante à criação de suas vacas, até ameaçando de não mais ter contato com seu rebanho. As vacas têm sido o maior osso de ofício que estou tendo na roça... depois disso, vem as abelhas...

Os problemas não são poucos... como estou , novamente, na biblioteca da cidade interiorana, não posso relatar tudo. Parece que a tão adorada internet, é coisa do passado pra mim. Ela(a internet) faz falta.

Ontem, fazendo o lanche noturno, na varanda, como sempre faço, não tive prazer algum em ver a lua cheia nascendo.

Muito desanimado, meu consolo é que minha prima e seu marido têm me tratado muito bem.  Eles não me tratam como um empregado. Não cobram, pelo menos até o momento, a feitura dos serviços, e não trabalho como um trabalhador comum, as 44 horas semanais; tanto que continuo com a rotina de escutar meus discos de 4 a seis horas diárias.  Mas, pego no pesado... tenho pegado na enxada, picareta, pá, puxado carrinho... Não estou me queixando disso.

Bem, quando eu tive que me mudar do apartamento da minha falecida avó, no qual morei sozinho por um ano e oito meses, depois da sua morte, fui muito a contra-gosto morar com a minha mãe e seu companheiro. Me mudei em 26.02.2000. Mesmo descontente, vivi com eles por pouco mais de oito anos, até a morte da minha progenitora.

Novamente, não estou contente e não tenho vontade alguma de voltar a morar numa cidade grande, como Belo Horizonte.  Com 59 anos e 4 meses de idade, o que virá daqui pra frente?
Não consigo mesmo me adaptar com a vida, mas continuo a viver... Até quando?

Creio que foi nos anos 80, que bolei alguns filmes, a maioria de terror. Como se eu fosse um cineasta. Um deles, que não era de horror, era sobre um palhaço, chamado Joy(Joy traduzido para o português , significa alegria).  Apesar do sucesso, Joy detestava ser palhaço. Igualmente, detestava crianças, que tanto gostavam dele.  Ele vivia amargurado e lamentando sua condição para os mais íntimos. Joy bebia bastante. Um dia, cometeu o suicídio. Agonizando, uma criança se deparou com ele, o reconhecendo, foi carinhosa, mas o amargurado palhaço disse: "sai daqui, menino chato".  Foram suas últimas palavras.

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