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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Algumas Divagações

As coisas vão indo bem.  E, pensando melhor, até que o cunhado do marido da minha prima, não é gente ruim.  Reconhecemos que ele é complicado, mas não chega a ser um crápula.  Estamos nos dando melhor.  Aliás, pontos positivos dele é que o mesmo é de pouca conversa , bem individualista , sistemático, não incomoda a gente, não é mandão... e, mesmo sem ser brincalhão, acaba nos divertindo... ele é engraçado.

Minha prima e seu marido continuam ótimos pra mim. Ontem, expliquei a eles sobre a minha dificuldade de fazer o canteiro de horta.  Aparentemente, parece que eles compreenderam.  Não obstante, temo que eles contratem alguém para fazer o canteiro, que fica , praticamente, no lote em que moro.  Aí, não ficarei curtindo minha solidão por umas duas semanas, creio eu.  O marido da minha prima planeja ao menos uns dez canteiros, e só dois estão prontos.

Não consigo parar de pensar que morar na roça, sob a tutela do agradável casal, foi quase como ganhar na loteria.  Creio que se eu ganhasse na loteria, não estaria tão contente , como tenho estado. Dinheiro dá conforto, status, mas grandes problemas chegam juntos.

Recentemente, cheguei até a falar com o marido da minha prima sobre a minha falta de cabeça, meu desiquilíbrio , das decisões desastradas, que tomei, nos últimos dois anos.  Ele concordou comigo.

Sabendo que meu dinheiro acabaria em maio de 2014, deixei ciente os meus poucos parentes.  No mesmo mês, minha prima e seu marido me convidam para viver na roça.  Eu seria uma espécie de caseiro, teria moradia e alimentação, mas sem salário.  Sem internet também, morando numa fazenda distante dez quilômetros da cidade interiorana.  Recusei a proposta.  Aleguei que venderia os meus LPs, coisa que eu não tinha intenção de fazer.  Eu planejava me matar no final de maio. No dia 28, tentei me enforcar... não tive coragem.  Desliguei a energia elétrica, me fechei na minúscula cozinha e abri todas as trempes do gás... nada aconteceu, a não ser desperdício de gás de cozinha(rs).  No dia 30, vendo 1238 discos, por 10.000,00; tendo ciência que o dinheiro duraria, no máximo, por um ano.

O drama se repete em 2015.  Tudo foi mais dramático, mais triste, desesperador e patético ainda.  Novamente, sem coragem de tirar minha vida, sem uma ajuda sólida, temendo morar num albergue ou ser morador de rua, opto por morar na fazenda.

Ora, tudo isso demonstra o quanto tenho estado perdido, a minha falta de visão, minha falta de inteligência, isenção de habilidade para viver.  Se em 2014, aceitasse a proposta da minha prima e de seu marido, eu , neste momento, estaria com a minha coleção de 1238 vinis, não teria tanto ódio do lojista que a comprou... não teria mais um inimigo...não passaria por outro sufoco, passado em 2015.

Outra mancada: poxa, em maio de 2014, quando vendi os discos, eu não tinha dinheiro para nem pagar o aluguel.  Com a primeira parcela, que o comprador me deu, à vista, eu paguei o aluguel, a vencer no final de maio.  Mais mancada: no dia em que me mudei para a roça, eu tinha apenas 5 reais no bolso e outros 5 na poupança.  Se eu tivesse cabeça e equilíbrio, em 2014 mesmo, e bem antes do dinheiro acabar, vamos supor de um a três meses antes do dinheiro acabar, eu já poderia ir para a roça, tendo de Um a três mil reais na poupança.
Mas, não, fiquei na pior, incomodei meus parentes e a ex-faxineira da minha mãe...

Talvez, até inconscientemente, eu tive a esperança de ajuda financeira, em especial da minha tia materna rica ou de uma vaquinha dos parentes...  Isso comprova, creio eu, a minha ambiguidade: um lado meu quer morrer, outro insiste em viver.

Bom lembrar que minha prima e seu marido, são empreendedores.  Quem sabe, eles estão investindo em mim a longo prazo.  Ambos estão com as mães, bem idosas, doentes, vegetando.  Minha prima, não demora a se aposentar definitivamente , e parece que quer mudar pra roça de vez.  Convivência diária estraga muito os relacionamentos... Por enquanto, há bem mais pontos positivos do que negativos, em morar no campo; entretanto, as coisas podem mudar. Só me resta torcer para que tudo continue bem e que eu tenha um suspiro final sereno.

E é o de sempre: a infinita saudade da minha internet diária, a tristeza e inconformismo de ter vendido minha coleção de vinis e a indignação, a mágoa, a dor, por ter perdido minha última paixão, que me abandonou pra sempre, desde 01.12.2013.  Ela, que gosta bem mais ainda do escritor Edgar Allan Poe do que eu, assim como o Corvo, disse nunca mais, nunca mais pra mim... nunca mais, Roderick Verden...

E o que foi feito dela?  Nem sei se está viva.  Está feliz?  Ou estaria infeliz?  Quem sabe, está mais ou menos?
Só de uma coisa tenho certeza: morri pra ela, que nem deve lembrar mais que  existo.  Certamente, ela deve estar com outra pessoa... nunca mais comigo, nunca mais pra mim... nunca mais!

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