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terça-feira, 1 de novembro de 2016

E o Dia dos Mortos Vivos?

No Dia dos Mortos, do ano passado, eu falei com o insuportável marido da minha prima(a ex-patroa), que era meu dia.
Ah, mas quem dera que fosse!  Sou um morto vivo, um cadáver ambulante.

Já fico indignado por não ter um Dia do Vagabundo, e por que não um Dia dos Mortos Vivos?

Talvez o primo, meu atual patrão e/ou tutor, compreenda meu isolamento, já que um dos seus irmãos é bem retraído.  O primo, que é muito animado e falante, disse o seguinte, a respeito do seu irmão: "O Vander(nome fictício) não gosta de nada".
Por coincidência, temos a mesma idade, ele usa uma  barbinha, assim como eu, e somos parecidos fisicamente; até a estatura parece ser igual.  Uma de suas irmãs chegou a dizer sobre nossa semelhança.
Uma das atendentes da biblioteca falou que sua esposa viaja, e ele não a acompanha.rs
Vander é mais calado do que eu.  Aparenta ser tranquilo.  Um de seus irmãos afirmou: "O Vander é um sujeito muito humilde".  Bem, um irmão pra dizer isso do outro...rs
Depois de trabalhar durante anos como subalterno, Vander tem uma pequena vendinha, uma espécie de varejinho(rs).  Não é rico. Tem dois filhos.

O tio paterno, que se matou aos 59 anos, em 1991, em 1975, quando eu era seu empregado, falou: "estou com 43 anos e não acho graça em mais nada na vida".  Eu, há anos, digo que não acho graça em quase nada na vida(quase)..

Minha avó paterna teve 6 filhos; 4 homens e 2 mulheres.  O tio , que suicidou, era bem diferente dos outros três irmãos, do sexo masculino, mesmo na aparência.  Era bem baixinho, tinha um físico juvenil, cara de menino(alguns o chamavam de "menino").  Tinha o semblante alegre e era muito simpático, mais extrovertido(características bem diferentes dos seus outros irmãos).

Teve três filhos; o mais velho era de criação, o número dois era filho de um vizinho e o caçula era filho de um homem , que transou com a minha tia, quando ela passou uns dias em São Paulo.

Acredito que o tio nunca soube que foi traído. E, diferentemente, dos outros irmãos, ele era apaixonado pela sua esposa.  Morava numa casa boa, num bairro tradicional de BH.  Não chegava bem a ser rico, mas dava muito conforto para sua família.  Acatou a ideia de sua esposa e se mudaram para a terra natal dela.
Na cidade, seus empreendimentos , fracassaram.

Chegou a fazer psicoterapia, devido a depressão... tomava remédios controlados.  Cada vez mais descrente e problemático, sua esposa, numa visita que eles fizeram para os meus pais, se não me engano, um ano antes de sua morte, falou que era melhor os dois se separarem.  Eis sua resposta: "a mulher está falando bobagem".

Com tudo isso que relatei a seu respeito, ele tinha motivos pra viver, pois gostava da sua mulher e de seus filhos.  Bem diferente de mim, que não tenho ninguém, não sou um homem amoroso.

Numa conversa que tive com minha prima(a ex-patroa), já aqui, na roça, comentei que, certamente, para nossa avó paterna, devia ser um calvário fazer sexo.  A prima mesmo falou que nunca a viu rindo.
Minha avó não gostava de nada, a não ser rezar e fazer croché(ou tricô).  Foi uma morta viva, pior ainda do que eu, que morreu octogenária.  Foi internada, levando choque elétrico, algumas vezes.

Nunca fui internado.  Não tomo remédio controlado. Gosto de sexo. Mas sou parecido com os três citados.

O caseiro, seu filho, um funcionário e, até mesmo a mulher do caseiro, estavam limpando intensamente a fazenda, a mando da mulher do meu primo, que quer tudo muito limpo, para os eventos que acontecerão nos dois próximos domingos(um batizado e missa).

Pensando bem, tive sorte, pois todos eles me tratam bem.  O filho do caseiro, que um dia me provocou, não mais me encheu o saco e me trata como se nada tivesse acontecido.
No entanto, não duvido deles falarem que não faço quase nada, que sou folgado, preguiçoso...rs

Praticamente, herdei todo o vestuário de um tio materno, falecido há dois anos.
Foram quase 100 camisas, de ótima qualidade.  Três delas, dei para o caseiro da fazenda.
Estou pensando em lhe dar mais.  Ele, até o momento, tem sido legal comigo.

Ao ver e usar tantas camisas boas, fico a pensar que elas seriam bem mais úteis em quem curte a vida, mais proveitosas para quem gosta muito de passear, é alegre, não para um sujeito tão morto pra vida, como eu.

A casa, onde atualmente moro, tem três quartos , cozinha e banheiro.  Quantas pessoas sem lar, ou morando em lugares bem mais precários, ansiando em ter uma sorte melhor, e eu lá, ocupando este espaço.
Não consigo mesmo entender a vida!

E minha pífia vida continua, mas continuo morto , "morto para este triste mundo antigo"(Taiguara).
Quem sabe, amanhã, Dia dos Mortos, o morto vivo aqui morre(morre ou morra-rs)?

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