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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Pra gostar não precisa possuir

Quando eu tinha pouco tempo em que residia na fazenda da minha prima, não achei nada agradável ter que cuidar de uma cachorrinha de estimação.

A cachorrinha era bonitinha, até quietinha, mas, como todo cachorro, era pegajosa.  Não desgrudava de mim de jeito nenhum.  Ela acabou sumindo, ao ir atrás do carro da prima, quando ela iria viajar para Belo Horizonte.

Confesso que gostei dela ter desaparecido.  Pouco depois, quando , na época, eu pensava que o marido da prima era um sujeito confiável, revelei ao mesmo que não gostei de cuidar da cachorra.

Não vai faltar quem dirá que sou tão ruim e esquisito, que não gosto de cachorro.  Mas, eu gosto do animal.
O gato é um animal polêmico: amado por uns, odiado por outros.   Gosto de gato, e gosto mais ainda de cachorro.

Na casa dos meus pais, só tivemos cachorro uma vez.  Eu tinha 12 anos.  Não me lembro se era fêmea ou macho; sei que era vira-lata, um cão bem pequeno, branco e preto, batizado pelo meu irmão de "Bolinha".
Bolinha só ficou por alguns meses conosco.  Não me recordo mais se fugiu, morreu ou foi dado pra alguém...

Nos anos 70, tivemos galinheiro, por um certo tempo.

O que criamos muito foram passarinhos.  Na verdade, a criação foi ideia do meu pai, já que minha mãe não era muito chegada em animal de estimação. Minha mãe era mais chegada em gente, em amizades, família...
Era mais comum eu tratar dos passarinhos.  Depois de já bem adulto , tive vergonha de mim ao saber que o gênio Leonardo da Vinci comprava pássaros , presos nas gaiolas, para soltá-los em sua casa.  Até então, eu não me condoía com os sofrimentos dos passarinhos enclausurados.

Neste século, além dos passarinhos, tínhamos três papagaios e uma maitaca, na casa da minha mãe e de seu companheiro.
Eu que tratava dos bichos.  Eu gostava demais dos papagaios.  Aos poucos, o companheiro da minha mãe foi dando os papagaios para os outros.  Quando ele deu o último, o Stalin, fiquei bem para baixo, mas para baixo mesmo.  Um dia após ficarmos sem Stalin, enquanto minha mãe e seu companheiro ficaram fora de casa o dia inteiro, fiquei pesquisando na internet, para comprar um novo papagaio, este registrado(o companheiro da minha mãe alegava que deu o bichinho, temendo ser denunciado por algum vizinho, já que ele não tinha registro). Falei com meu padastro... ele falou que compraria outro... minha mãe foi contra...
Poucos dias depois, não falávamos mais no assunto e me conformei rápido com a ausência de Stalin.

O papagaio é meu animal preferido.  Porém, mesmo se eu tivesse condições de ter um, não gostaria de ter.

Depois do papagaio, prefiro o leão e o jacaré, principalmente pelo fato deles atacarem o homem.

Os animais são bem mais agradáveis de se observar do que de se possuir.
Até mesmo algumas pessoas são bem agradáveis de se olhar, mas de se conviver, são péssimas.

A mesma coisa digo sobre mulheres.  Certamente, deve haver muita gente que diz, pensa, que não gosto de mulher, já que não sou visto acompanhado por uma.  Gosto demais do belo sexo, só que não sinto vontade de possuir, de compromisso... melhor, como sempre, ficar sozinho.

Schopenhauer criticava a vontade humana, a qual ele afirmava ser cega, irracional e insaciável.
Ele citava que um homem com muita vontade, não se contentava em apenas observar a graça de um cão, ele teria que brincar com o animal, pegar nele, etc...  Já para o homem não escravo da vontade, só observar o cachorro , seria suficiente.  Paradoxalmente, Schopenhauer sucumbiu à vontade, pois ele tinha um cachorro de estimação, o Atma.

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